Explode nos poros o veneno fermentado
Teus lábios se abrem em um beijo
Sedento, ávido, apressado.
Num quarto vermelho, escuro
Retirei tua espada
Ultrapassei teu escudo.
São nossas bocas que se beijam
Perdidas entre “sins e nãos”
Que por mais e mais anseiam.
Um corpo que busca o outro
Confuso, perdido
As vezes parado, quase morto.
A pele lisa, pêlos, peito
Esse é nosso lugar
Pequeno, apertado, estreito.
Quarto incandescente, aroma suave
Levemente doce, levemente amargo
Queria eu ter podido adormecer em tua nave.
Sons alheios a nós, ignoro
Teu nervosismo, perdição
Que não te vás eu imploro.
Hora, minuto, segundo...
Quanto tempo passou não sei dizer
Mas em mim, girou um mundo.
Tento ler-te mas teus olhos nada revelam
O que sentes, será que sentes?
Que segredos teus pensamentos carregam.
Tua cor, teu brilho, uma vida irradiam
Agora entendo porque por tanto tempo
Em ti, meus olhos se detiam.
Saiba que de ti quero mais que uma noite
Quero o vazio do amor,
Quero teu prazer e teu açoite.
Para ti nunca houve sentimento
Quebrei o cadeado da tua curiosidade
Fui um simples experimento.
Ainda assim, foi mágico
Cheio de sons, cheiros sabores
Embora o fim tenha sido quase trágico.
Mas do fim... ah, disso não me lembro
Todos os dias, tudo que recordo
É daquele dia de dezembro.
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